por Delmo Fonseca
A finalidade última, aquela que supera todas as outras finalidades, é o totalitarismo.
É preciso que fique claro para os conservadores que há uma guerra cultural em curso. Desde a proclamação da luta de classes pelos marxistas, o mundo se tornou um lugar hostil para quem deseja levar uma vida de paz e liberdade. Embora a desigualdade entre os homens seja uma realidade, o ethos cristão sempre apontou a direção da equidade ao propor que o “maior deva servir ao menor”, logo sua atenção recai sobre o dever e não sobre o direito. Os marxistas, por seu turno, negam esse ethos ao defender um mundo artificialmente igualitário, o "de cada um segundo sua capacidade, a cada um segundo suas necessidades”, vislumbrando assim um “paraíso”comunista. Lenin, por exemplo, na Revolução de Outubro prometeu aos russos “pão, paz e terra”. O que veio a seguir? O que muitos não sabem é que os marxistas prometem o céu e entregam o inferno.
Estes se valem do materialismo dialético como chave hermenêutica para interpretar a história e assim justificar a dominação do individuo pelo coletivo, do privado pelo público, ou seja, a supressão das liberdades individuais em nome de um devaneio coletivista. No entanto, o custo desse devaneio é a liberdade individual. Nesse caso, todos os adeptos do leninismo, stalinismo, maoismo e até globalistas, se agrupam tendo em vista a finalidade de destruir todo aquele que se opuser ao plano macabro de tornar o mundo um lugar feito à imagem e semelhança de Marx-Lenin-Stalin-Mao-Putin-Xí Jinpin. Saiba que os ideólogos desse novo mundo não estão dispostos a negociar com os que defendem a propriedade privada, a liberdade de culto e expressão; antes propõem o “cancelamento”, a eliminação dos divergentes.
Seria um exagero dizer que essa guerra é assimétrica? Tome-se como exemplo a liberdade de expressão, uma garantia fundamental e individual prevista em lei: Art.5º, IX, CF – “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”. Aos aspirantes do “admirável mundo novo” tudo é permitido, desde desejar a morte do presidente da República a rotular de antidemocrático e fascista quem os critica; porém nas palavras de um “ilustre” togado os conservadores que ousam expressar suas divergências políticas nas redes sociais se assemelham a bandidos. Percebe-se que o que está em jogo é a velha máxima de que “os fins justificam os meios”, pois para os marxistas a finalidade última, aquela que supera todas as outras finalidades, é o totalitarismo. Eles almejam um Estado sem contradições políticas, com pensamento único (expressado pelo intelectual coletivo), sem propriedade privada, liberdade religiosa e materialista, ou seja, um Estado sem cidadãos. Nesse período de pandemia, a pretexto de salvar vidas, uma engenharia social está sendo implementada como dispositivo de segurança. Com isso, passa-se a mensagem de que daqui por diante a liberdade individual deixará de ser uma garantia fundamental e existirá apenas como concessão estatal. Aos que se opuserem à “servidão voluntária” caberá o rigor da lei.
Posto isto, a questão da censura está inserida num plano maior, o do estabelecimento de uma nova ordem social onde a verdade dos fatos se submete à conveniência das narrativas. Ao associarem toda e qualquer relação humana como uma relação de poder, isto é, politizar todos os âmbitos da vida, os marxistas envenenam o mundo com o ódio dos ressentidos. Num célebre discurso no Congresso norte-americano em 1933, o senador republicano Arthur Robinson, atribuiu a Lenin as seguintes palavras: "Precisamos odiar. O ódio é a base do comunismo. As crianças devem ser ensinadas a odiar seus pais se eles não são comunistas.” Ao mesmo tempo, como é próprio da dialética negativa, o ódio foi atribuído ao discurso do adversário.
É certo que atuais marxistas, incluindo os sociais-democratas, acreditam que os comunistas chineses se tornaram os porta-vozes da utopia socialista manifestada no seu contrário, isto é, a distopia preconizada por George Orwell em “1984”. Na China, a voz do partido é a voz de um Estado que se faz passar pela voz de todos, o que necessariamente nega a existência do indivíduo atomizado, singular e crítico desse Grande Irmão. Com vistas a esse objetivo, o Estado faz pesar sobre o indivíduo seu poder de coação. Nesse mesmo diapasão, o establishment brasileiro luta para defender as “instituições democráticas”, pois o locus da democracia se deslocou da vontade soberana do povo para a vontade soberana das instituições, ou seja, a vontade soberana do Estado.
Há uma saída, uma solução para esse dilema? Ao final a guerra será ganha pelos conservadores? Se os marxistas levassem a sério as lições da história certamente temeriam o futuro, pois a realidade sempre se impõe. Os regimes totalitários são como gigantes com pés de barro, o que demanda medo de tropeços. No entanto, gigantes também precisam se movimentar, andar sobre plataformas instáveis, enfrentar tempestades e intempéries. Se os pés forem claudicantes o corpo tombará, é a imposição da natureza. A cultura marxista sempre ignora os fatos e insiste em pagar para ver, mas quem viver verá as "voltas que o mundo dá”.
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