por Delmo Fonseca
"Para o
sentimentalista, não existe criminoso, mas apenas um ambiente que não lhe deu o
que devia."
THEODORE DALRYMPLE
A não ser que você tenha se abrigado
na toca do coelho a fim de se sentir no País das Maravilhas, a exemplo da
personagem Alice, perceberá que testemunhamos o período mais trevoso da
história. Digo isso do ponto de vista moral, político e espiritual, pois os temas
se tangenciam. Poderia também mencionar "As duas cidades", de
Santo Agostinho; ou "O Senhor dos anéis", de J. R. R.
Tolkien,
para traçar um paralelo com o que vem
ocorrendo ultimamente no Brasil e no mundo. Portanto, fiquemos apenas com os
acontecimentos tupiniquins.
Quando tenros estudantes, aprendemos
nas primeiras aulas de história que para estas plagas vieram muitos degredados,
dentre os quais um sem número de criminosos comuns. Posto isso, o que há
de novo por estes trópicos quinhentos anos depois? Talvez pareça surreal esta
constatação, mas os fatos mostram que os descendentes dos criminosos que
fincaram pé na terra de Santa Cruz já estão na décima geração. Percebe-se que
desde o início o estamento burocrático fora tomado de assalto por estes homens
corruptos e corruptores. Esta concentração de poder nas mãos de uma elite
corrompida explica o porquê de o Brasil nunca ter superado seu status de
republiqueta. Essa mesma elite sempre cuidou para que a máquina estatal jamais
caísse em "mãos erradas", isto é, fosse comandada por alguém inteiramente
comprometido com o bem comum.
A bem da verdade, a maioria dos governantes não leva a sério a vontade do povo, tanto que na prática lidam com o dinheiro público como se não fosse de ninguém. Têm-se os exemplos de estádios construídos para a Copa do Mundo e que se encontram inoperantes, ciclovias à beira-mar que desabaram e nunca foram restauradas e, por último, hospitais de campanha e respiradores superfaturados em época de pandemia. A bandidocracia, governo de criminosos, é um câncer e sua metástase abarca todos os órgãos da administração pública.
TEATRO DOS ABSURDOS
Não bastasse isso, outro fenômeno que
se impõe é a bandidolatria ou "amor" ao banditismo. Qual a
razoabilidade para o Judiciário, a pretexto de evitar o contágio do novo coronavírus,
colocar nas ruas mais de 32.000 criminosos? Abaixo compartilho a seguinte matéria
veiculada no Diário do Poder do último 20 de junho:
O “principado” do tráfico de drogas, estabelecido
no Rio de Janeiro por decisão judicial que proíbe operações policiais contra os
bandidos nas favelas, durante a pandemia, atingiu seu momento mais baixo com a
reclamação do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Defensoria Pública e ONGs
contra o governador e o procurador-geral de Justiça, pelo fato de policiais
terem atrapalhado e impedido uma grande festa de aniversário de um chefe do
tráfico, onde criminosos exibem armas e vendem drogas. A informação é da Coluna
Cláudio Humberto, do Diário do Poder.
A queixa do PSB et caterva, vergonhosa, foi ao
ministro Edson Fachin, autor da liminar que proíbe a polícia agir contra
bandidos nas favelas.
O promotor Bruno Carpes, conhecido por sua atuação
corajosa contra o crime, classificou essa situação como “teatro dos absurdos”.
Para Bruno Carpes, o Estado optou por deixar as
populações dessas favelas dominadas por traficantes, “agentes do mal e do
terror”.
Parece realidade paralela: as autoridades agora
precisam explicar os motivos para combater o tráfico. Já traficantes, não podem
ser presos.
A tragédia se completa quando
percebemos que cidadãos de bem são sumariamente condenados e conduzidos à
prisão por protestarem contra os desmandos dos bandidos “prudentes e
sofisticados” ou somente por emitirem suas opiniões nas redes sociais. Tem como
um país dar certo diante de uma herança tão maldita?
Nenhum comentário:
Postar um comentário