por Delmo
Fonseca
Nos últimos
dias testemunhamos uma histeria coletiva e de alcance global em torno da
floresta amazônica, a ponto de se fomentar “rusgas diplomáticas” entre o
governo brasileiro e autoridades europeias. A intensão desse texto passa ao
largo das discussões que pautaram a mídia, as redes sociais e até mesmo as
conversas de botequim. É certo que o pano de fundo ideológico
suscita defesas apaixonadas de todos os lados. Razões econômicas e políticas
vêm à baila a fim de sustentar argumentos em prol desta ou daquela posição. E
quanto ao aspecto religioso, de que maneira podemos analisar a questão
ambiental e seu reflexo na ordem social?
Leia-se
paganismo toda vez que mencionarmos o ambientalismo como ideologia religiosa. E
devido ao fato de que a ideologia de uma religião estará sempre correlacionada
ao seu contexto histórico e social, devemos, ainda que ‘en passant’, aludir aos
anos sessenta como o período embrionário de um movimento que nasceria nos anos
noventa e, a reboque, aglutinaria outros movimentos com interesses afins como
globalismo, feminismo e marxismo.
À primeira
vista os desinformados reputam como teoria da conspiração quaisquer
imbricamentos entre movimentos sociais, partidos políticos, grupos econômicos e
movimentos religiosos. O desafio sempre estará em separar o joio do trigo. Ao
conceber a natureza como divina, os antigos pagãos viam animais, plantas, rios,
montanhas e astros como deuses. Tal crença é compartilhada pelos ambientalistas
modernos, o que configura uma influência do pensamento oriental, principalmente
o caráter animista da religião hindu. O resultado é que desde os anos noventa o
Ocidente tem experimentado um ataque às suas bases judaico-cristãs, as quais
concebem o homem como o centro da criação e com um mandato cultural outorgado
pelo Criador.
Com o
deslocamento da cosmovisão bíblica, o ambientalismo travestido de
“politicamente correto” colocou a preservação da natureza como a principal
pauta a ser discutida pelos organismos internacionais. Com o advento da
Conferência Rio-92, também conhecida como Eco-92 ou Cúpula da Terra, um
importante documento intitulado “A Carta da Terra” serviu de princípio
norteador para a mudança de consciência que se seguiria. A partir dessa mudança
novos valores foram forjados. Quando nos referimos ao imbricamento de
ideologias como o marxismo e o feminismo, é que esses movimentos tiveram como
pano de fundo a mudança de consciência atrelada à questão ambiental. Ao
atribuir à natureza valores divinos, a Terra passa a ser tratada como Gaia, a
Grande Mãe, que acolhe a todos em seu seio. Portanto, homens e mulheres, pedras
e moluscos são seres codependentes desta deusa, o que reforça a cosmovisão
feminista. Da mesma forma interessa à cosmovisão marxista um mundo em que a
Terra pode ser compreendida apenas pelo seu aspecto materialista. Sendo assim,
valores cristãos/burgueses precisam ser superados a fim de prosperar o
relativismo cultural no que tange ao aborto e políticas de gênero, por exemplo.
Outro
aspecto do ambientalismo é que este também possui raízes no Iluminismo,
movimento que defendia o deísmo em detrimento do teísmo. Em termos mais
genéricos o deísmo -diferentemente do teísmo que concebe a existência de um Ser
transcendente e supremo -, não vê problemas em conceber a natureza como divina,
a exemplo do filósofo Baruch Spinoza, para quem Deus e Natureza são a mesma
coisa. A alusão ao Iluminismo se faz necessário dada a influência de outro
filósofo, Jean-Jacques Rousseau, o qual propunha que o homem devia fazer um
caminho de retorno à natureza.
O que não
podemos perder de vista no contexto atual em que a pauta principal é a
preservação da Amazônia e os incensados “povos da floresta”, é que para além
dos interesses econômicos na riqueza do solo por parte de nações estrangeiras e
outros interesses difusos ocultados pelas ONGs, há a questão religiosa como
base de sustentação. Haja vista que está programado para os próximos dias em
Roma o “Sínodo da Amazônia”, uma reunião convocada pelo papa sob o pretexto de
refletir sobre o tema "Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma
ecologia integral". Os desdobramentos dessa reunião só saberemos depois,
mas por enquanto, só nos resta fazer coro às indagações do Cardeal alemão
Walter Brandmüller: “Há que se perguntar: o que a ecologia, a economia e a
política têm a ver com o mandato e a missão da Igreja? E acima de tudo: que
competência profissional e autoridade tem um sínodo eclesial de bispos para
emitir declarações nesses campos?”
Ao criticar
o “Instrumentum laboris”, documento elaborado para o encontro, Brandmüller
destaca que as florestas da região amazônica vêm se declarando como um “locus
theologicus”, pois “no contexto do chamado à harmonia com a natureza, fala-se
até de diálogo com os espíritos”. O que o Vaticano ensaia por meio deste sínodo
pode ser apenas a ponta do iceberg de uma nova consciência com fins a uma nova
ordem social. A quem interessa esse retorno ao paganismo?
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Fontes:
“A ameaça
Pagã”; Peter Jones; Editorial Cultura Cristã.
“Filosofia
Verde”, Roger Scruton, É Realizações.
https://fratresinunum.com/2019/06/27/heretico-e-apostata-cardeal-brandmuller-excomunga-o-sinodo-da-amazonia.
https://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/carta-da-terra.html
Delmo, um irmão que há muito não tinha sequer notícia!... feliz demais em reencontrar seus escritos e ver a consistência dos mesmos!... um grande abraço do seu amigo Antônio Carlos (da velha e saudosa Pirapora)..
ResponderExcluirGrande amigo. Agradável surpresa. Muito feliz em saber que passou por aqui. Deu te abençoe.
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